O Instituto Pacs – Políticas Alternativas para o Cone Sul nasceu em 1986 a partir da iniciativa de economistas latino-americanos que voltavam do exílio após mais de uma década de ditaduras empresariais-militares.

Em face da agenda econômica neoliberalizante em voga naquela época, o Instituto Pacs passou a produzir pesquisas e trabalhos práticos que apontavam para a necessidade de construir políticas socioeconômicas alternativas à lógica do mercado e da rentabilidade a qualquer custo.

Na contramão disso, para nós a vida sempre esteve acima do lucro. Por isso, fomos pioneiros na luta pela integração dos povos do Cone Sul, nas propostas de uma Democracia ancorada numa economia a serviço dos setores populares, e um dos fundadores dos movimentos de comércio justo e economia solidária no Brasil. Participamos da criação das Redes REBRIP (Rede Brasileira pela Integração dos Povos), RBIFM (Rede Brasileira sobre Instituições Financeiras Multilaterais) e das Redes Jubileu Brasil e Américas, dentre outras ações e iniciativas que a história mostrou serem centrais. Entre estas a aposta no protagonismo das mulheres nas lutas que encampamos.

Somos uma organização da sociedade civil que atua a partir do tripé Informação e Educação, Incidência sobre os centros de poder e Inovações na práxis do Desenvolvimento e da Democracia. Logramos construir nessa trajetória de três décadas trabalhos em prol de “políticas alternativas” para a economia do mundo, da América do Sul, do Brasil e do Rio de Janeiro, onde estamos sediados.

Nosso maior desafio, ao longo desses 30 anos, tem sido mostrar à sociedade brasileira que alterações pontuais no ‘modelo de desenvolvimento’ econômico vigente não trazem as soluções para os graves problemas econômicos e sociais de nosso país e de nosso continente. O caráter capitalista “mercadocêntrico” e concentrador deste modelo, que reduz desenvolvimento a mero crescimento ilimitado do consumo e da produção, ignorando os limites da natureza, marca nossas sociedades com graves injustiças sociais e nos faz conhecidos como “continente campeão da desigualdade” no mundo.

Frente a isso, o Instituto Pacs sempre insistiu que deveríamos repensar o ‘modelo de desenvolvimento’ como um todo e a partir dos potenciais dos indivíduos e coletivos humanos, em vez de apenas satisfazer-se com alterações superficiais de seus piores efeitos. Dentre as demais organizações da sociedade civil que atuam no campo da discussão socioeconômica, sempre estivemos ao lado daqueles e daquelas que não acreditam na ilusão de um capitalismo com “rosto humano”, conforme proposto pela maioria das agencias multilaterais, governos nacionais e entidades empresariais.

Sempre repudiamos mudanças pontuais impostas pelos aparatos ideológicos hegemônicos, como se elas fossem a única solução factível para os problemas de nosso tempo, em especial para as dificuldades e injustiças experimentados pelos segmentos empobrecidos e oprimidos de nossas populações.

Nossas pesquisas, trabalhos de assessoria local e construção de redes e articulações se pautam pelo empoderamento da população que vive do seu trabalho, e pela necessidade de outro ‘modelo de desenvolvimento’ econômico, endógeno, soberano, participativo, solidário e sustentável. Em vez de um capitalismo utópico e reformado, trilhamos, portanto, em direção a um futuro que supere os traços desiguais e injustos que permanecem caracterizando nossas sociedades do Cone Sul da America Latina.

Nesses trinta anos, certamente muita coisa mudou no nosso trabalho cotidiano, mas nosso lugar no mundo permaneceu o mesmoao lado dos movimentos populares, das comunidades eclesiais de base, das organizações da sociedade civil que atuam de forma crítica e inovadora; dos coletivos de educação popular e economia solidária; de governos locais com opção democrática participativa; das mulheres, afrodescendentes e jovens.

Em tempos de angústia para quem luta por justiça social no Brasil, nós, que nascemos do processo de redemocratização, denunciamos toda forma de oportunismo, golpismo, entrega de nossos bens comuns e retrocessos nos direitos para trabalhadores e trabalhadoras.

Em sua origem grega, a palavra economia remete à ideia da “gestão da casa”. Juntas e juntos seguimos lutando pela transformação social dessa “casa comum” que é nosso planeta, continente, país e qualquer território em que convivemos, construindo comunidades intencionais em que vigore amizade, a confiança, o acolhimento da diversidade, e o bem viver.

Dedicamos nosso esforço de mudança do mundo a quem tem o direito de colher os frutos em seu trabalho diário, no campo e na cidade.  Seguimos comprometidos com a ação transformadora, contribuindo todos os dias para a formação política e cidadã e para o empoderamento da classe trabalhadora.

Por isso, convidamos você a navegar por memórias de 30 anos de tantas lutas, resistências e conquistas, registrados em textos, fotos, vídeos, áudios e muitos afetos!